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Moça aos 20 e aos 40
Tome a mesma moça aos 20 e aos 40 anos.
No segundo momento
ela será umas sete ou oito vezes mais interessante,
sedutora e irresistível do que no primeiro.
Ela perde o frescor juvenil, é verdade.
Mas também o ar inseguro
de quem ainda não sabe direito o
que quer
da vida, de si mesma, de um homem.
Não sustenta mais aquele ar ingênuo,
uma característica sexy da mulher de 20.
Só que é compensado por outros atributos
encantadores
de que se reveste a mulher de 40.
Como se conhece melhor,
ela é muito mais autêntica, centrada,
certeira no trato consigo mesma e com seu homem.
Aos 40, a mulher tem uma relação mais
saudável
com
o próprio corpo
e do seu cheiro cítrico.
Não briga mais com nada disso.
Na verdade, ela quer brigar o menos possível.
Está interessada em absorver do mundo
o que lhe parecer justo e
útil,
ignorando o que for feio e baixo-astral.
Quer é ser feliz.
Se o seu homem não gostar do jeito que ela é,
que vá procurar outra. Ela só quer quem a
mereça.
Aos 40 anos, a mulher sabe se vestir.
Domina a arte de valorizar os pontos fortes
e disfarçar o que não interessa mostrar.
Sabe escolher sapatos, tecidos e decotes,
maquiagem e corte de cabelo.
Gasta mais porque tem mais dinheiro.
Mas, sobretudo, gasta melhor.
E tem gestos mais delicados e elegantes.
Aos 40, ela carrega um olhar muito mais matador
quando interessa matar.
E finge indiferença com mais competência
quando interessa repelir.
Ela não é mais bobinha.
Não que fique menos inconstante.
Mulher que é mulher, se pudesse,
não vestiria duas vezes
a mesma roupa
nem acordaria dois dias seguidos com o mesmo humor.
Mas, aos 40,
ela já sabe lidar melhor
com este aspecto peculiar da
condição feminina.
E poupa (exceto quando não quer)
o seu homem desses altos e baixos hormonais
que aos 20 a atingiam
- e quem mais estivesse por perto -
irremediavelmente.
Aos 20, a mulher tem espinhas.
Aos 40, tem pintas, encantadoras trilhas de pintas.
Que só sabem mesmo onde terminam uns poucos e sortudos
escolhidos.
Sim, aos 20 a mulher é escolhida.
Aos 40, é ela quem escolhe.
E não veste mais calcinhas que não lhe favorecem.
Só usa lingeries com altíssimo poder de fogo.
Também aprende a se perfumar na dose certa,
com a fragância exata.
A mulher aos 40, mais do que aos 20, cheira bem,
dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome.
Aos 40, ela é mais natural, sábia e serena.
Menos ansiosa, menos estabanada.
Até seus dentes parecem mais claros.
Seus lábios, mais reluzentes.
Sua saliva, mais potável.
E o brilho da pele não é o da oleosidade dos 20
anos,
mas pura luminosidade.
Aos 20, ela rói unhas.
Aos 40, constrói para si mãos
plásticas e
perfeitas.
Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave.
Ocorre algo parecido com os pés, q
ue atingem uma exatidão estética
insuperável.
Acontece também alguma coisa com os cílios,
o desenho das sombrancelhas,
o jeito de olhar.
Fica mais glamouroso, mais sexualmente arguto.
Aos 40, quando ousa,
no que quer que seja, a mulher costuma acertar em cheio.
No jogo com os homens, já aprendeu a atuar no contra-ataque.
Quando dá o bote, é para liquidar a fatura.
Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado.
Mostra sua força na hora certa e de modo sutil.
Não para exibir poder,
mas para resolver tudo a seu favor
antes de chegar o ponto de precisar exibí-lo.
Consegue o que pretende sem confrontos inúteis.
Sabiamente, goza das prerrogativas da condição
feminina
sem engolir sapos supostamente decorrentes do fato de ser mulher.
Se você, leitora, anda preocupada porque não tem
mais 20
anos
- ou porque ainda tem
mas percebeu que eles não vão durar para sempre -
fique tranqüila.
É precisamente aos 40 que o jogo começa a ficar
bom.
Feliz Dia Internacional da mulher!
Texto de Adriano Silva, diretor de
redação da revista
Superinteressante. Recebi de "Silvia" em 2003.
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Última
alteração: 8 mar 2009
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