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As mulheres do Brasil
A gente sabe que toda mulher é guerreira
e já
não precisa de uma data especial para ser lembrada:
ser mulher está na ordem do dia, de todos os dias.
Nota dez para a mulher empresária,
que comanda sua vida dentro e fora de casa,
assim como nota dez
para a mulher pobre que não tem nada,
e, ainda assim, segue digna e forte,
acordando toda manhã para uma batalha que envolve filhos,
comida, emprego, solidão e desprezo.
A maioria das mulheres merece nota máxima
em todos os quesitos,
pena não estarem elas nas capas de revista.
Quem são nossos ícones? Qual é a cara
da mulher
brasileira?
A mulher brasileira não tem mais rosto,
só existe abaixo
do pescoço.
Fala-se mais da Feiticeira do que da Marta Suplicy,
comenta-se mais sobre as Sheilas
do que sobre Rita Lee,
e poucas pessoas sabem quem é Adélia Prado,
mas todos sabem quem é Carla Perez,
que faz o quê mesmo?
Que a mulher tenha se libertado de certos pudores
e tenha conquistado o direito ao prazer,
é justo e deve ser
comemorado.
Mas muitas delas não só perderam o pudor
como
também o senso do ridículo,
e são elas que nos representam,
que falam por nós nos
microfones,
dando a impressão de que somos uma terra de cachorras,
tchutchucas, barbies siliconadas,
mulheres feitas para serem rotuladas e consumidas,
um bando de faz-nada
prontas para se atirarem na primeira banheira de programa de
auditório.
E viva a vulgarização, que bate todos os recordes
de
audiência.
Todas têm a liberdade de serem o que são
e de ganharem a vida como podem,
e o fazem honestamente,
diga-se: não estão roubando nada de
ninguém.
A não ser, talvez, uma certa noção de
elegância,
a beleza da discrição e a
enaltação do
verdadeiro talento.
Temos muitas mulheres de raro valor neste país,
nem todas lindas
e nem todas dispostas a mostrar suas calcinhas dentro das gavetas.
Mulheres que, quando vão para frente das câmeras,
tem mais o que contar e mostrar,
em muito a ensinar e a dizer.
Que sejam mais entrevistadas e fotografadas
essas mulheres que,
elas sim,
ajudam o país a crescer.
Feliz Dia Internacional da mulher!
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